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CineClube do Porto
28 juillet 2006

Domingo, 6 de Agosto 2006 – Aquele Dia

 

“Aquele Dia”

de Raul Ruiz


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Sala Bebé do Cinema Batalha

às 10.30h / 15.30h / 21.45h


 

Título Original: Ce Jour-là

Realização e Argumento: Raul Ruiz; Fotografia: Acácio de Almeida; Som: Henri Maikoff, Georges-Henri Mauchant; Casting: Leo Davis; Cenários: Bruno Beaugé; Guarda-Roupa: Claire Gerard-Hirne
Interpretação: Bernard Giraudeau |Pointpoirot, Elsa Zylberstein |Livia, Jean-Luc Bideau |Raufer, Jean-François Balmer |Treffle, Christian Vadim |Ritter, Laurent Malet |Roland, Rufus |Hubus, Feodor Atkine |Warff, Jacques Denis |patrão do café, Edith Scob |Leone, Hélène Surgere |Bernadette, ILaurence Fevrier |Edmonde, Jean-Michel Portal |Vogel, Jean-Baptiste Puech |Luc, Matthias Urban |Dorival, Michel Piccoli |Harald
Música: Jorge Arriagada; Montagem: Valeria Sarmiento; Director de Produção: Nicolas Picard; Produção: Paulo Branco, Patricia Plattner; Co-Produção: Gemini Films, Light Night Production, France 3 Cinéma, Canal+, Cine Cinema, Office Federal de la Culture (DFI), Télévision Suisse Romande (SRF), Natexis Banques Populaires Images 3, Eurimages;
Duração: 105 minutos (1h85m)

 

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Crítica social, drama gótico, comédia negra, slasher cómico, “Aquele Dia”, com a fatalidade que o seu nome induz, expõe os artifícios de um teatro do humor macabro, de uma peça arrepiante no decurso da qual os cadáveres se amontoam alegre e inexoravelmente.
E, no entanto, divertindo-se deliberadamente a baralhar o espectador, Raul Ruiz recupera a veia exclusiva de um barroco surrealizante de que se tornou mestre. A realização é ao mesmo tempo sumptuosa pela precisão e pela heterogeneidade surpreendente, evitando qualquer risco de teatralidade gesticulante ao mesmo tempo que se permite com júbilo alguma gestualidade burlesca à base de perseguições e de movimentação de cadáveres.

O novo filme de Raul Ruiz inventa uma geografia muito própria. Um mundo onde a loucura se mistura com mentes calculistas, um mundo da inércia grotesca e do assassinato, da assepsia excessiva e do trabalho sujo comandado pela razão de Estado.

Jean-François Rauger Le Monde 17.05.2003

 

Ah Raul!... Raul, todas as palavras no mundo não são suficientes para te descrever. Na definição da palavra surrealismo está escrito no dicionário: “movimento artístico que se constitui na base de uma rejeição sistemática de todas as construções lógicas do espírito e visando subtrair todo o controlo da razão nas várias forças psíquicas, cuja expressão pode contribuir para uma inversão libertadora dos valores sociais, intelectuais e morais”. Raul Ruiz descende de Breton, de Aragon, Dali, Buñuel ou Éluard? Sim, penso muito nisso. São as qualidades humanas de Ruiz, o facto de ser um homem raro que dão ao seu cinema uma humanidade que ilumina a visão que tem do mundo. Ele tem dentro o seu Chile que ele tanto ama, esta ditadura de que fugiu, os crimes perpetrados por este ditador. Tudo isto misturado com uma alegria de viver, uma originalidade, uma loucura doce, uma ironia e uma grande lucidez. A liberdade com que fala do mundo em que vivemos é particular e única. Ele denuncia sem parecer que o está a fazer. É um verdadeiro cineasta militante, em que está sempre presente este humor que lhe conhecemos. Há uns meses, falou-me nesta Livia que estava a escrever para mim. Ela teria dois sintomas: as perdas de memória repentinas e um som violento poderia modificar a visão dos elementos que estão à volta dela. A realidade dela muda para melhor ou para pior. Falou-me depois do encontro com um louco que fugiu de um asilo, que viria matá-la mas que acabaria por matar toda a gente menos ela. Falou-me de uma herança... Falou-me de “L’Héritière” de William Wyler. E de “Alice no País das Maravilhas”. Quanto mais avançávamos, mais Livia ganhava corpo.
Com Ruiz tudo é harmonia, absurdo e ironia, qualquer coisa de raro e mágico que dá vontade de surpreender e o surpreender, só para ver a alma de criança que dorme nele. É um grande mestre que adoro.

Elsa Zylberstein

 

(AQUELE DIA)

É a história de uma jovem rapariga, belíssima, mas louca e suíça, que herda uma fortuna colossal aquando da morte da mãe. O pai, divorciado, não está disposto a que isso aconteça e, com a conivência dos outros membros da família, encarrega um homem de libertar de um hospício um louco psicopata e diabético (Bernard Giraudeau, irreconhecível, confirma tudo o que pensamos dele) que terá a difícil tarefa de eliminar a donzela. Ora, como estamos num conto, o assassino não matará a bela, mas tornar-se-á seu protector e matará todos os que lhe querem fazer mal. E não direi mais.
Cada novo crime oferece a Ruiz a oportunidade de mostrar toda a paleta do seu talento, brincar com os géneros, mostrar a sua virtuosidade, igual à do assassino (que se chama Pointpoirot). (...)
Neste ballet, alegremente fúnebre, coreografado por um realizador inspirado, é preciso dizer que cada personagem, da mais pequena à maior, cada actor, brilha desmesuradamente. Zylberstein, Giraudeau, Piccoli, mas também Vadim, Bideau, Rufus, Hélène Surgéré, Laurent Malet, Edith Scob, Jacques Denis.
E também o extraordinário Jean-François Balmier, de quem já tínhamos esquecido o quanto o seu talento ultrapassa os seus tiques, e que encontra em AQUELE DIA um dos seus mais belos papéis. Sóbrio, ambíguo, humano, à imagem do filme de Ruiz: gigante e cheio de prazer.

Jean-Baptiste Morain, Les Inrockuptibles

texto enviado por Joaquim Diabinho

apoios: ICAM  Ministério da Cultura   mculicam2           Cinema Batalha    logo_bata02

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