Canalblog
Editer l'article Suivre ce blog Administration + Créer mon blog
Publicité
CineClube do Porto
30 octobre 2006

A Esquiva - Domingo, 12 de Novembro 2006

A ESQUIVA (L'Esquive)

de Abdellatif Kechiche


Sala Bebé do Cinema Batalha

às 10.30h / 15.30h


esquiv01

© Rezo Films - Osman Elkharraz et Sara Forestier


FICHA ARTÍSTICA

Krimo ::: Osman Elkharraz
Lydia ::: Sara Forestier
Frida ::: Sabrina Ouazani
Nanou ::: Nanou Benhamou


FICHA TÉCNICA

Realizador ::: Abdellatif Kechiche
Produtor ::: Jacques Ouaniche
Director de Fotografia ::: Lubomir Bakchev
Montagem ::: Antonella Bevenja | Ghalya Lacroix
2003 | França | 117’ | cor | dolby digital


18369740esq

© Rezo Films - Osman Elkharraz et Sara Forestier


Num liceu de periferia, um grupo do adolescentes ensaia uma peça de Marivaux. Cruzamento subtil entre o real e o teatro em que se experimentam os perpétuos jogos entre o amor e a sorte. Com diálogos incandescentes e jovens actores eléctricos, A ESQUIVA de Abdellatif Kechiche põe a nu delicadamente algumas fracturas da sociedade francesa.
A ESQUIVA é um filme de palavra. Palavra que queima, fenómeno de energia e invenção. (…) Mas de que se trata ? Lydia (Sara Forestier, magnífica), uma loira bonita, ensaia “Le Jeu de l’amour et du hasard” de Marivaux para o espectáculo do fim do ano. Krimo (Osman Elkharraz, subtil) apaixona-se por ela. Tímido, introvertido, pouco à vontade com as palavras e com os seus sentimentos, Krimo decide entrar na peça, estratagema simples para seduzir Lydia, já que ele não entende nada de teatro e de Marivaux. A partir daí o filme confronta a língua clássica do século XIX com o falar dos adolescentes contemporâneos. E este jogo oral é fantástico e cheio de graça, de criatividade e de pertinência política. Porque entre as duas estilizações da língua francesa, que mostram a sua evolução e a sua vivacidade, Kechiche não escolhe.
A peça de Marivaux funciona também como nível simbólico, ordenado e domesticado do que acontece caoticamente na ficção do presente. Ao inventar uma estratégia de conquista, Krimo utiliza Marivaux para atingir os seus fins: ao fazê-lo, interpreta Marivaux sem o saber. Ao justapor o universo da cidade e o de Marivaux (dois espaços teatralizados), Kechiche mostra que, independentemente da época e da classe social, os homens e as mulheres têm os mesmos sentimentos, as mesmas preocupações, os mesmos desejos.
O problema de Krimo é que ele é muito mau no teatro e é essa toda a tragédia da sua personagem. Porque no meio de todos os faladores do quarteirão, Krimo é um silencioso, um rapaz que não domina a palavra, nem em palco nem na vida. Mas não é só Krimo que sofre, os que dominam a palavra também sofrem. (...) Entre o muito pouco e o muito, a linguagem aparece como uma força abstracta, musical, sónica, que galvaniza, mas que não ajuda os seres a entenderem-se.
Podíamos também tecer mil considerações sócio-políticas sobre este filme. Kechiche não fala neste filme nem de roubo, nem de integração, nem de fracturas sociais, nem da República... mas o filme acaba mesmo assim por falar entre as linhas, entre as imagens: a pressão da cidade, os pais na prisão, a promiscuidade social, o fechamento do quarteirão, a brutalidade dos polícias. (...)
Se A ESQUIVA é político não é por denunciar as injustiças conhecidas por todos ou por trazer soluções para as fracturas francesas, mais sim porque ele põe jovens a interpretar e os faz fugir durante a duração do filme à sua prisão social. Porque também eles têm direito às suas intrigas sentimentais, às ficções eternas e universais, também eles têm direito a interpretar personagens e não só os papéis simbólicos lhes dão os fantasmas a direita (de dealers), a esquerda (de vítimas).
Nisso, A ESQUIVA inscreve-se numa das mais belas linhagens do cinema francês, a de Renoir, Rohmer e Doillon.


SERGE KAGANSKI, LES INROCKUPTIBLES, JANEIRO DE 2004


18369743esq

© Rezo Films - Osman Elkharraz et Sara Forestier

Abdellatif Kechiche filma a palavra como se fosse febre, levado por uma urgência que dá ao filme uma grande força artística.
O cineasta esquiva todas as expectativas do espectador, para quem um grupo de jovens à entrada de um prédio nunca seria material cinematográfico, quanto muito material de uma reportagem de televisão sobre insegurança.
Pela primeira vez, um cineasta francês filma a periferia como um cofre cheio de personagens evitando a sociologia. A ESQUIVA é um filme modelado pelo discurso, paradoxal como o encontro entre Marivaux e Krimo. (...)
No fim, depois de um confronto embaraçado num carro que os polícias vêm interromper, o filme é invadido por uma languidez muda. Será que Lydia se vai finalmente decidir? Será que ela vai revelar os seus sentimentos? Será que a paciência de Krimo será recompensada? As respostas aparecem em silêncio, nos rostos de cada um.  Há nisto uma demonstração brilhante do poder da câmara: as palavras cedem terreno, como que a significar o triunfo absoluto do cinema tal como uma verdade cruel. Sem a muralha da linguagem Lydia, Krimo e os outros aparecem subitamente despidos, frágeis, mais ainda que as personagens de Marivaux.


FLORENCE COLOMBANI, LE MONDE

18369746esq

© Rezo Films - Osman Elkharraz et Sara Forestier

sessões inseridas na Rede Alternativa de Exibição Cinematográfica | RAEC2006 

apoio:

ICAM   Ministério da Cultura     mculicam2       Cinema Batalha     logo_bata02

Publicité
Commentaires
Albums Photos
Publicité
Derniers commentaires
Archives
Publicité