PAI E FILHO - Domingo 17 de Setembro 2006
PAI
E FILHO
DE ALEKSANDR SOKUROV
Sala Bebé do Cinema Batalha
às 10.30h / 15.30h / 21.45h
Um Pai e um Filho viveram sozinhos durante vários anos num mundo privado
de co-dependências, cheio de memórias e rituais diários. Às vezes quase que
parecem irmãos. O Filho segue as pisadas do pai e inscreve-se na escola
militar. O ciúme e a culpa geram dificuldades no relacionamento entre o Filho e
a namorada. Ela tem ciúmes da relação que ele tem com o Pai. Mas quando o Filho
chega à idade adulta, os dois homens pressentem a angústia da separação
inevitável. O Pai sabe que se calhar devia aceitar um trabalho melhor na
cidade, quem sabe procurar uma nova vida.
Cada um deles tenta fazer o que é
melhor para o outro sem o magoar. Nunca o amor entre um pai e um filho foi tão
forte.
© Films sans Frontières
FICHA TÉCNICA
pai
ANDREY SHCHETININ
filho
ALEKSEY NEYMYSHEV
sasha
ALEXANDER RAZBASH
fedor
FEDOR LAVROV
rapariga
MARINA ZASUKHINA
realizador
ALEXANDER SOKUROV
argumento
SERGEY POTEPALOV
director de fotografia
ALEXANDER BUROV
montagem
SERGEY IVANOV
director artístico
NATALYA KOCHERGINA
compositor
ANDREY SIGLE
música a partir de
PETER TCHAIKOVSKY
guarda-roupa
BERNADETTE CORSTENS
maquilhagem
ZHANNA RODIONOVA
som
SERGEY MOSHKOV
assistente de realização
TAMARA AGADZHANYAN
casting
TATYANA KOMAROVA
produtor
THOMAS KUFUS
produção
ZERO FILM
em co-produção com
LUMEN FILMS, NIKOLA-FILM, MIKADO FILM, ISABELLA FILMS
2003; COR
"Pai e
Filho", segundo verso (pois que é de poesia que aqui se trata) de uma
estrofe (trilogia) que Sokurov entendeu consagrar à Família; está aquém
do primeiro ("Mãe e Filho") mas é sobejamente talentoso para nos colar
à cadeira do primeiro ao último instante. Filme geneticamente e 100%
másculo (apesar de haver iluminados que crêem o contrário), "Pai e
Filho" é também um filme belíssimo, onde curiosamente o que mais
destoa, para além das evidentes limitações do actor que faz de filho, é
precisamente a envolvente alfacinha (grande parte dos exteriores foi
filmada em Lisboa) ... poder-se-á dizer até que Lisboa fez mal a
Sokurov, tal a desproporção de envergadura entre as sequências
lisboetas (como que metidas a martelo) e o resto do filme.
Mas que resto é esse? É pura dematurgia filmada. A relação
pai-filho vista à lupa, e ponteada pela presença (ausência) da
mãe-amante. "O amor de pai crucifica", diz-se a certa altura. Filho e
pai, unidos e divididos pelo amor filial. Que é egoísta e que exige
sacrifícios entre ambos e para com terceiros. Um pai com dimensões de
ídolo. Aquele pai por que todos os rapazes anseiam. Que querem imitar e
impressionar. Nesse sentido, a interpretação de Andrei Shchetinin, como
pai, é notável.
Como notável é câmara de Sokurov: as lentes, os filtros, a
manipulação dos diálogos (em que quase sempre o som sai
propositadamente desfasado da imagem), a coreografia dos grandes-planos
(quase que em permanente "pas de deux"). As metáforas. A música de
fundo, com sabor a pouco. Mas é um cinema que não é para todos os
gostos ... embora tivesse sido um exagero a saída de 2 espectadores
durante a minha sessão.
Se alguém ainda tivesse dúvidas sobre o cinema, feito arte, de
Sokurov, então bastariam dois momentos de "Pai e Filho": o diálogo
entre o filho e a amante, por entre frinchas de janela (absolutamente
fantástico), ou a sequência de amor filial do início, em que pai e
filho são consumidos pela voragem de um buraco negro, qual grito de
Munch. No final, o que fica é o calor do colar, como no filme.
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sessões inseridas na Rede Alternativa de Exibição Cinematográfica | RAEC2006
apoio:
ICAM Ministério da Cultura Cinema Batalha