Domingo 25 de Junho - AURORA
gentileza de C. Ribatua
AURORA
de
Friedrich-Willem Murnau
25 de Junho de 2006
Uma obra-prima absoluta — um filme para ver
e rever, sempre com o deslumbramento do cinema em estado nascente.
A arte de F. W. Murnau (1888-1931) é um território imenso ao qual é
possível regressar sempre, num misto de deslumbramento e surpresa. Daí que
importe lembrar o mais simples: a reposição do seu «Aurora» (1927),
neste Outono de 2005, é muito mais do que o regresso de uma curiosidade
"antiga", porventura para ser olhada como objecto de um kitsch mais
ou menos datado. Nada disso: estamos perante um título chave da história de
todo o cinema, um desses filmes de génio que, no período mudo, ajudaram a
consolidar o cinema como linguagem específica e, ao mesmo tempo, através da sua
viagem pelas mais subtis emoções humanas, impuseram o género melodramático.
História de um casal — Janet Gaynor / George O`Brien — cujo amor vai ser posto
à prova pela emergência de um terceiro elemento (a "mulher da cidade"
interpretada por Margaret Livingston), Aurora pode ser visto (ou revisto) como
um caso modelar através do qual o cinema integrava e, sobretudo, superava a
herança de duas artes: o teatro e a pintura. Murnau faz triunfar um sentido de
narrativa que correspondia à singularíssima afirmação da linguagem
cinematográfica. Quase oitenta anos depois, a beleza permanece.
João Lopes
ICAM
Ministério
da Cultura