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CineClube do Porto
20 novembre 2009

Resposta da Presidente da Direcção do Cineclube do Porto

Chegou a meu conhecimento uma missiva não assinada, lamentável até pelas "ideias" (?!) que transmite, e um manifesto que circula sobre um suposto abandono do Cineclube do Porto:

As "duas míseras horas por mês" em que a secretaria estava aberta ao público (não falo de trabalho interno e invisível aos olhos dos outros) saíam directamente do meu bolso, pois ocorriam durante o meu horário de trabalho, posso afirmar que nos últimos três anos efectuei trabalho voluntário de funcionária de secretaria (em horário bastante alargado) e não recordo a presença ou interesse de muitas pessoas ou mesmo associados, bem pelo contrário.

A título meramente informativo: a nosso pedido, as Finanças estiveram durante o ano de 2008 nas nossas instalações e tiveram acesso aos Estatutos e Regulamento Interno. 

Quanto a suspeitas incertas, posso afirmar por respeito a pessoas que desde 1945 trabalharam para a criação de um Centro de Documentação (vulgarmente designada Biblioteca), que tomamos a decisão de encerrar o espaço para o dignificar e terminar com o "extravio" de obras cedidas para leitura caseira, não o encerrando no entanto à cidade e a outras instituições - o que é uma faca de dois gumes - pois pode despertar do seu sono, oportunistas e vampirinhos citadinos.

Aproveito para a agradecer a lembrança da Instituição Finanças, e aproveitar a ideia da exibição pública de caloteiros ao Estado - apesar da minha educação não permitir a divulgação dos nomes das pessoas, posso publicar e exibir a lista dos títulos das obras levadas e não devolvidas. Talvez alguns se lembrem que os livros que têm na estante há uns anos, possuem dois carimbos, que não são de uso vulgar lá por casa...

Quanto a um manifesto de ajuda “à distância de um clic”, lavador de almas e do confortável já ajudei:

Penso que o termo Movimento advém de um cartaz exposto na sede e realizado pela Direcção durante a comemoração dos 60 anos do Cineclube, e largamento elogiado e desejado por um jornalista.

O agitar da bandeira salazarista também já cansa, é sedimento mineralizado na própria história desta Associação e de muitas outras, nesta e noutras cidades.

Ao “grupo de cidadãos portuenses” com um recentíssimo interesse, que os preocupa, venho informar que a situação não é actual. Arrasta-se mornamente desde os anos 80 e não vou fazer uma análise sociológica da evolução do modus vivendi até aos nossos dias, porque é fácil de perceber.

Em cinema podem contar-se histórias (ou não):

2001 Porto Capital da Cultura - repararam que o Cineclube não teve acesso a nenhum espaço e foi em Vila Nova de Gaia que se realizaram as sessões? Não. Não são sócios, não iam às sessões, apesar de serem abertas ao público em geral.

Mas recordam pela certa a frase: “O Rivoli não é o guarda-chuva das associações portuenses” (um doce a quem adivinhar!).

Neste mesmo Rivoli, aquando a Homenagem ao Realizador Roman Chalbaud, fomos elogiados por fazermos coisas diferentes das habituais sessões quinzenais, mas que tinham uma imagem de qualidade, gráfica e de gramagem de papel e um etc. de coisas sem interesse ou qualquer peso artístico, a manter… e talvez por isso os postais de divulgação saíram sem uma qualquer alusão ao Cineclube… ah! Também não vos vi lá!

2002 – A tão badalada tentativa de acção de despejo, que moveu jornais, revistas, televisões, partidos. Todos recebi, apesar de perceber o interesse por gotas de sangue que poderiam estar a escorrer… ou a possibilidade de um estandarte político…

Se tivesse agido à moda da terra(inha) deixava passar o prazo esperava que me dessem novas instalações e provavelmente ainda recebíamos um Rendimento Mínimo Cultural.

Não achei correcto, e tudo tem instâncias próprias para se resolver, foi pena ter demorado tantos anos, porque a incerteza levou a mais abandono por parte dos sócios e à inviabilização de muitos projectos. Pois mais uma vez, lembro-me perfeitamente dos verdadeiros interessados e presença constante com ajuda concreta e palavras de apoio.

2004 – A Casa das Artes sofre um problema estrutural e não é possível (até hoje) efectuar mais eventos cinematográficos, sessões e oficinais infantis (não vi lá os vossos filhos, nem netos), exposições, estreias, novas cinematografias portuguesas e estrangeiras, retrospectivas escolares. Lembram-se?

2005 – O Cineclube sai triunfante da acção de despejo. O prato estava gelado, nem para tapar um qualquer buraco de página… não interessou falar sobre isso.

A utilização da Sala Bebé transformou-se num aterrador flop, com mais problemas, e desinteresse dos sócios – posso referir os nomes exactos dos que lá passaram – muitas plumas e escarlate… e a mesma máquina doada por Manoel de Oliveira (faz mesmo muitos anos), e os inerentes problemas com os recentes tipos de película… além de esperarmos pela brigada de limpeza para conseguirmos aceder à sala sem ficarmos atolados nos restos de vidros e lixo… isto não vos aconteceu, porque não estiveram presentes.

 

Foi também nesse ano divulgada uma amnistia para os sócios com quotas em falta, a que poucos aderiram. Refiro muitas vezes os Sócios, pois estes são o motor (acrescentar, monetário) de qualquer associação. E trabalhar graciosamente (leia-se não remunerado) para ninguém, sem retorno ou demonstração de interesse? Não temos ideias masoquistas sobre associativismo.

Torna-se dispendioso o aluguer de filme, de sala, pagamento a um projeccionista, esforço físico e pessoal aliado à total indiferença de todos – sócios, cidadãos, instituições governamentais, dissidentes de 74/75 à época pouco interessados.

No jornal mais lido na cidade não há qualquer indicação sobre os eventos realizados pelo clube ou associado a outros parceiros culturais e institucionais da cidade.

Por amor à cidade onde nasceu o cinema, e ao trabalho dedicado dos que verdadeiramente sujam as mãos no associativismo, e isso não é chegar, e propor um jantareco e uns copos para se resolver as coisas, ou ir dar umas ideias, (só alguns é que pensam?) que alguém ficará a trabalhar, que se resolvem as situações.

Quando parte do espólio esteve em exposição em Serralves, ninguém reparou que ele já era valioso? Devo avisar que o seu valor não é monetário, é para além disso, mas certos pensadores portuenses podem não perceber…

É com muito esforço pessoal, que a renda está em dia, evitando que se perca o espelho do trabalho de muitos que por aqui passaram com total desprendimento do valor do querido espólio, que tanto brilho nos olhos está a provocar.

Quanto à notícia no Grande Porto, por favor decidam-se: mas o espólio está em parte incerta, está abandonado, ou após a exposição, foi como deve ser, recolhido e voltou à sede?

Espero também que esta brincadeira de mau gosto, não estrague o trabalho de sapa que tem vindo a ser realizado para o futuro da Associação.

Quanto a cineclubismos e associativismos já ninguém tem paciência, espero por um Manifesto Sincero e Actual pelo Clube Português de Cinematografia.

A todos os que lerem estas linhas, dissidentes inclusive

Cordialmente

Brígida Velhote

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