16. MAIO. 08
Cineclube do Porto
16. MAIO. 08 | CHÃ das EIRAS rua chã 127 | 21.30h
apresenta
Testamento Involuntário
um filme de Pedro Pena
Encaro este filme com uma grande maturidade. O espírito é um devir cósmico e transcendente que se espelha nos meus filmes.
Tento comunicar a minha vida infernal que é a grande metafísica alemã, pois é de per si só um labirinto.
O actor é um filósofo só, na luz, apenas ajudado minimalmente no Iluminismo e no Barroco, com a mulher ausente.
O filme é constituído por duas partes, dividido em duas cenas. A luz do jardim Botânico, e a fábrica abandonada da Afurada.
Há uma extensão e uma distinção da técnica, na câmara ao ombro, olhar subjectivo no jardim Botânico, e a câmara objectiva sempre com grandes planos em tripé na fábrica abandonada da Afurada. A lente utilizada é a de 50mm, para não modificar o cenário com a óptica.
Só deixo que o actor se aproxime da câmara quando o filme está no seu clímax. Deita-se exausto, e na segunda parte do filme, levanta-se e sai do plateau.
Em contracena, a música de Bach no jardim Botânico, e o som do vento e do mar na fábrica abandonada da Afurada.
A primeira parte é antes de D. Sebastião, Lux in Tenebris, e a segunda parte, depois de D. Sebastião, Tenebris in Lux.
A montagem matemática do filme, sem diálogos, anti socrático, dá-nos a visão de um filósofo que se remete ao silêncio, por não conseguir, nem ter a mulher, nem conseguir contactar com o mundo em que a história e o destino é mais importante do que o filósofo. Este silêncio, é a alma em potência que aparece no filme, a ser observado pelo espectador, sem ter mais do que uma performance de um esteta. (...)
Pedro Pena
Porto, Fevereiro de 2008